
Ligo o rádio, olho pela janela, flores e folhas pelo chão da calçada se espalham, juntamente com o vento fresco e perfumado da natureza. Respirei fundo e logo pensei ''É primavera''. Eu tinha o dia inteiro pela frente, passar na casa dos meus pais, pegar os meus sobrinhos, depois iríamos até a casa da vovó - que fica há alguns quilômetros daqui. No caminho, olhei para traz, vi os meus sobrinhos e a minha única filha, eles estavam sorrindo e cantarolando. Nesse vacilo de concentração, deixei o carro bater em um caminhão, não sei como, mas
Desde então, todos os anos, no dia do acidente, venho até o parque onde eu costumava levá-la, fico aqui pensando em cada momento que tive com ela, nunca contei ao pai dela que um dia tivemos uma filha, mas de certa forma, sei que ele mal se importaria com a vida dela, aquele estúpido. Quando ela ainda era viva, eu pensava que fora o único fruto daquele relacionamento desastroso, agora eu não sei mais o que pensar. Acho que ainda o amo, fico aqui a imaginar uma família unida, eu, ele e a nossa filha. Infelizmente, tudo que existe hoje são sonhos que nunca serão concretizados, não nesse mundo, não nessa vida, não nessa primavera.
33º edição visual, Projeto Bloínquês.
Nossa que triste...isso saiu da sua mente?
kkkk, claro né.